Uma pergunta simples cujo resposta é uma confusão gigantesca de respostas.
Nunca é fácil prever o que pode acontecer em situações de violência, então é inevitavelmente difícil também responder o que fazer numa situação dessa, mas podemos pensar em muitas coisas para não sermos pegos de surpresa ou já termos noção da nossa própria capacidade de reação, essa é a primeira etapa do combate, a mentalidade.
Em minha doutrina de segurança, a PECELE, temos aspectos do comportamento humano nos jogos amorosos, no teatro de ações sociais e também nas lutas literais. Negócios, relacionamentos e combates são formas diferentes de se lutar por algo. Entender o combate é entender como nós colocamos o outro para agir conforme nossas vontades.
Utilizando os aspectos voltados ao combate literal, que é o ato violento em si, nós construímos um conjunto de princípios e reflexões que nos farão decidir muitos pontos de partida importantes e cruciais para a ação da defesa, sendo a primeira delas, decidirmos se vamos ou não reagir e lutar. De nada adianta estudar perfis criminais, defesa contra armas de fogo, artes marciais e tudo mais se nós ainda não paramos pra pensar se vamos mesmo reagir. Se há espaço para dúvidas, então você está preso na primeira etapa de combate: decidir combater. Só restam dois caminhos aqui: decida de uma vez por todas entra o sim ou o não. Se decidir pelo não, pode abandonar esta leitura e todo tipo de debate ou estudo a respeito de reações, ainda mais armadas. Agora se decidiu pelo sim, venha comigo.
A segunda etapa do combate dentro de minha doutrina é decidir se está disposto a fazer tudo o que for necessário para ter sucesso na defesa, ou se vai medir esforços para ter apoio social e jurídico, de acordo com a Gangorra da Legítima Defesa, conceito que apresento dentro de minha doutrina. Falaremos dela em cursos ou dentro da tribo, que aproveito para te incentivar a tomar vergonha na cara e se tornar membro. Lembre-se: Rejeite a sociedade. Abrace a tribo. Rejeite a democracia. Abrace sua família.
Continuando, ao decidir se será moderado ou se fará tudo o que for necessário, uma série de reflexões ainda teóricas precisam ser feitas, pois cada uma das duas posturas tem suas próprias vantagens e desvantagens. Infelizmente, nenhuma delas é perfeita ou imune a riscos e problemas. Esta etapa de combate é o tema principal da minha famosa palestra "Moderadamente é o caralho!".
A terceira etapa do combate é a auto-reflexão da sua capacidade mental e física assim como técnica, pois além de conhecer o seu inimigo que são os vários perfis de bandidos, é essencial que você conheça de forma honesta o que consegue fazer. É importante ser completamente honesto nesta etapa, pois é sua vida e de seus entes queridos que estão em jogo. Mentir neste processo é um perigo. Reconheça suas limitações para trabalhar em reduzí-las ou até eliminá-las. Se você não conhece seus pontos fracos, como poderá mitigá-los?
Esta é a divisão do "pré-combate" dentro da minha doutrina, a PECELE. Isso tudo acontece e precisa ser pensado, estudado e debatido antes do combate acontecer, antes de uma negociação ou de um assalto, por exemplo. Quando se trata de relacionamentos e negociações, esta segunda divisão que é "durante" o combate se dá pelas ações de oratória, argumentação, critérios e tudo o quefor necessário para guerrar por estes meios e fazer a outra parte ceder as suas vontades e ambos ficarem de acordo com o que é desejado. Já no combate propriamente dito, difere um pouco dos outros dois meios pois não há tempo de pensar em nada. Apesar de ter se preparado com antecedência na primeira parte, o "pré-combate", num flerte ou negociação é possível enrolar para ganhar tempo indo ao banheiro por exemplo, pensando numa nova estratégia, e retornando ao ato. Você pensou antes no perfil do companheiro sexual quepretende conquisar, nos argmentos, na abordagem, etc. Você estudou seu parceiro comercial anteriormente para saber como chegar ao melhor fechamento de acordo. E em ambos ainda dá pra respirar durante o ato.
Já numa pancadaria ou num assalto, difere-se dos outros meios pois você só terá o "pré-combate" para pensar, não terá como realizar pequenas pausas "durante", entendeu? Aqui você não pensa, aqui você faz o que já pensou antes. É tudo muito rápido.
Agora que o combate passou temos dois possíveis resultados. Você está aleijado, sangrando ou morto, ou teve sucesso e está bem, inteiro e defendido. No primeiro resultado não há o que falar pois cadáver não fala. Se fudeu. Podemos comentar sobre o que vem depois do segundo resultado, que é a parte "pós-combate". Aqui você pode ser investigado e acusado num tribunal, que te fará ficar a mercê da vontade e percepção de estranhos, ou ninguém poderá te achar e se salvar até do combate judiciário e social, pois ambos te tratarão como inimigo. Sempre é assim. Todos culpam a vítima, em especial aquela que se defendeu ferozmente.
Nesta terceira parte, depois do combate literal, você colocará em prática o que estudou na primeira, a "pré-combate", a respeito do outros dois tipos de luta que virão que são as lutas sociais, onde você será julgado pelos colegas de trabalho, seu nome ficará público para os membros da sua igreja apontarem o dedo pra ti, sua família, os vizinhos que nunca te dão bom dia mas agora num passe de mágica sabem como te julgar, etc, assim como os promotores, juízes e juris, que você nunca viu na vida, mas também num passe de mágicas eles usarão de tudo pra te prender, afinal, a função de um promotor é prender, não promover justiça como o nome - errado - diz.
São sobre essas três etapas que você precisa pensar e treinar conforme cada particularidade. No combate do amor, o jogo da sedução, a abordagem e como se comportar em caso de rejeião. No combate dos negócios, conhecer o mercado que está entrando, fechar os melhores acordos e manutenir todo o processo após entrar nesta nova parceria e caminhada. No tiro, porrada e bomba, saber até onde está disposto a ir, como andar até lá e o que fazer quando chegar.
Provavelmente você queria ouvir resposas mágicas como "faça isso" e "faça aquilo" e não será assaltado, roubado ou sequestrado. Mas a realidade não é assim. Se você quer este tipo de resposta, tem vários indivíduos vendendo essas respostas por aí em forma de curso, livro e palestras. Boa sorte.
"Segurança vai muito além de trocar soco ou tiro. Observar as ferramentas físicas ou eletrônicas, judiciais e acadêmicas que estão disponíveis para nós e para os criminosos morais e até os legais são fundamentais para sua família e você viverem em paz e com saúde, não só perante a violência literal, mas na guerra cultural que molda a sociedade em um bando de animais de trabalho. Esses animais se acham na capacidade de julgar nos tribunais e no ostracismo todos aqueles ousam pensar por conta própria. Sua segurança não é apenas lutar contra um assaltante, é também cuidar para que seus entes queridos não sejam destroçados e se tornem vítimas da sociedade que normaliza cada vez mais aquilo que deveria ser abominado."
Lucas "tio Pahil" Parrini