"Dai a César o que é de César!"
A frase dita por Jesus Cristo se referia a justiça que foi questionada pelos fariseus e herodianos, seus inimigos, em um contexto de pagamento de impostos. O evento descrito em Matheus 22 e sua resposta em 22:21 nos dá um dos primeiros registros do conceito de retribuição.
O que é merecido deve ser entregue e isso significa tanto correções no sentido de penalidade, quanto de meritocracia no sentido de recompensa. Ambos atos encorajam ou desestimulam, basta orientar para o que é desejado e aquilo que não queremos que aconteça.
Nas empresas não são diferentes os comportamentos que devemos estimular e parabenizar, assim como os que não queremos que aconteça. Dar ao funcionário o que é dele rege as boas relações de empregador e empregado, uma vez que além do compromisso, gera a certeza de que não teremos problemas pelo menos em relação ao desânimo por esta causa. Podem ocorrer outros eventos que desanimem o bom funcionário que nunca é recompensado, isso é outro escopo, mas pelo menos uma peça de todo o quebra-cabeça nós já temos.
O funcionário ruim também precisa receber o que é dele. A demissão que faz parte do terror tanto do empregado quanto da empresa, afinal, empresa não quer o trabalho e custo de ter que procurar um novo membro a todo momento, num mundo ideal ninguém sairia da mesma, a demissão não pode ser o primeiro recurso para um funcionário que se desvia da cultura da empresa ou reduz seu rendimento.
Muitas e muitas vezes, sua falta de comprometimento se dá por vários fatores que nem ele conhece, sendo responsabilidade do seu gestor averiguar isso para que o mesmo seja resgatado. Isso não pode ser confundido com um ato de filantropia e heróismo para o funcionário, não é isso. Resgatar um funcionário que não rende é necessário até mesmo para diretores da própria empresa, até para o que popularmente chamamos de "dono da empresa". Todos desanimam, todos se enrolam, todos tem problemas. A principal diferença entre o "dono" e o funcionário é que muitas vezes, o dono sabe identificar as questões que o estão travando e trabalha para resolvê-las. O funcionário pode receber esta orientação de seu gestor e em pouquíssimo tempo voltar a ser produtivo como antes. Isso já faz parte do conceito de retribuição, pois o funcionário também é um investidor junto com parceiro que oferece um serviço em troca de pagamento. Ele investe tempo de vida dele na tua empresa.
Claro que tudo tem limite. Em programas muito bem definidos de treinamento e desenvolvimento de cultura organizacional, sempre terão aqueles que mostrarão que não são bons mesmo, mesmo com esse resgate sendo tentado ele demonstra que não é comprometido mesmo. Estes devem receber o que é deles: devem ser cortados.
Da mesma forma que o funcionário é comprometido com a empresa, o caminho inverso também deve ocorrer. Funcionário trabalhou, empresa pagou. Uma das coisas mais comuns de vermos é o funcionário trabalhar o mês inteiro e no pagamento, a empresa atrasa ou paga no último dia às 17:59.
Da mesma forma que sua equipe precisa sempre se renovar e relembrar conceitos, a empresa precisa ter esta postura de comprometimento e renovação dos conceitos que ela espera do seu time e que entrega aos seus clientes. Uma equipe tende a se distanciar do comprometimento caso sua liderança comece a se afastar de seus compromissos e do reconhecimento tanto dos que são bons como dos que são ruins. Se ambos forem tratados de forma igual, qual a vantagem em se dedicar para ser bom? Do outro lado da moeda, reconhecer o funcionário que não caminha lado a lado com a empresa é necessário justamente para mostrar aos bons que os ruins não tem vez no meio deles e a empresa está atenta para isso, mantendo os justos e cortando os injustos.
O que é de César a César.
"Nada incomoda mais o homem justo e laborioso do que assistir o injusto e preguiçoso sendo recompensando igualmente."
Lucas "tio Pahil" Parrini