Logo de imediato já inicio a apresentação deste tema com uma afirmação baseada em experiências que vi repetidas vezes: não pense que plano de carreira é um benefício super especial!
É importante para a empresa assim como o funcionário ter critérios muito bem definidos de progressão de cargos, isso demonstra além da organização, capacidade de exercer a meritocracia e transparência nas promoções e isso é ótimo! Mas há um costume nos processos seletivos e nos treinamentos que ocorrem dentro das empresas de acreditar que isso é uma característica que garante a fidelização do funcionário. Não é por aí.
O plano de carreira é benéfico para a empresa pois garante que uma trajetória seja cumprida pelo funcionário que está buscando se empenhar mais do que os demais justamente para se destacar, além de ser uma ferramenta que aproveita o talento em novas funções e cargos, como se o novo cargo dentro da mesma empresa fosse tão competitivo quanto outra vaga de emprego.
Esas ajuda na trajetória também é uma forma de estimular e mensurar a produtividade através dos relatórios e pesquisas internas feita pelo time de desenvolvimento e relatos dos gestores. Quando você, diretor, tem um indicador que te fornece quais metas estão sendo alcançadas, você tem mais uma fonte de dados para saber como sua equipe está caminhando e interagindo. Junto com outros indicadores, suas análises ficam muito mais ricas ao saber se seus funcionários estão agindo de forma coerente com os critérios do plano de carreira.
Dentro do planejamento geral, é possível criarmos divisões para otimizar as progressões feitas e orientar seu time, pois sempre terão aqueles que se mantém intactos na mesma função, atingindo um ou outro ponto do programa e garantindo um bônus ou outro, terão os que buscam novos salários sem necessariamente mudarem de cargos e os que desejam subir na escada hierárquica da empresa.
Existem várias maneiras de elaborar este programa. Podemos começar com homenagens sinceras - e não aquelas clichês de foto feita no Canvas enviada por e-mail - até pequenas bonificações como um dia de folga, um almoço pago pela empresa num restaurante, um presente que já é sabido que o funcionário gosta como por exemplo uma caixa de chocolate, até as bonifiações mais surpreendentes como férias, aumento de salário, pagamentos em dinheiro e recompensas que mostrem aos bons funcionários que eles tem opções sim, bastam correr atrás. Isso foi o tema do texto presente neste site, o "Retribuição".
Isso também será útil para a empresa monitorar aqueles que não batem as metas do programa, sendo um sinal de que alguma coisa ou conjunto delas está acontecendo para que o mesmo não bata as metas e receba essas bonificações. Pode não ser algo necessariamente ruim, o funcionário pode fazer o que foi contratado pra fazer e isso por si só está tudo bem, apesar do mundo ideal todos fazerem sempre o melhor possível. De qualquer forma, é um bom indicador para acompanhar a equipe.
Existem vários planos de carreira. Os mais práticos e coerentes com o dia a dia são o Pessoal, Linha e Y. O pessoal é aquele que parte do indivíduo para si próprio, ele se aperfeiçoa por conta própria e a empresa acaba aproveitando isso quando precisa ao oferecer uma vaga melhor. É a mais comum de todo o cenário brasileiro, onde as empresas não tem critérios objetivos nem um programa sólido de progressão. O funcionário simplesmente estuda e se aprimora por conta própria e acaba recebendo a oportunidade de pegar o cargo de supervisor quando este é demitido, por exemplo.
O plano em Y é quando a empresa já possui algum programa elaborado. Geralmente ele orienta e define os cargos para que o funcionário posssa se desenvolver para competir por um cargo de gestão ou se especializar em alguma função pontual. Basicamente, o funcionário cresce e evolui para virar um especialista técnico ou um gestor.
O plano em linha é quando não há necessariamente critérios para cargos, acontece muito em empresas pequenas onde é bem difícil e demorado ter um cargo superior disponível. Mas isso não quer dizer que a empresa tenha baixa lucratividade e que não possa fazer uso desta ferramenta e acaba bonificando por conquistas e metas. Simplesmente o funcionário ganha bônus ao conseguir fazer determinadas ações, como se formar numa pós-graduação e por isso recebe +X% no salário, ganha X Reais ao atingir uma meta, ganha uma folga se não chegar a trasado um dia sequer, dentre vários outros pontos que podem ser abordados no plano de carreira.
"Se empregado e empregador são uma equipe, por que não há uma conversa franca sobre o que o primeiro deve fazer para o segundo recompensá-lo? Claro que na troca voluntária de um serviço por um pagamento já está consolidada a negociação, mas se é possível fazer mais, por que não educar o funcionário o que é preciso ser feito? Da mesma forma que o a empresa busca mais clientes para ter mais lucro, o funcionário busca mais trabalho pra ter mais dinheiro. Quando não sabe pra onde ir dentro da própria empresa, ele busca em outra. Todos saem perdendo quando poderiam ganhar."
Lucas "tio Pahil" Parrini