Não aceitamos a desistência nem a derrota de jeito algum.
O poder que emana da técnica e das condições mentais efísicas são essenciais para nos tornarmos márquinas de vencer.
O constante sentimento de vitória cria em nós uma resistência absurda em sermos vítimas, sendo assim, sempre somos oponentes. Nós recusamos morrer de joelhos, apanhar em silêncios ou sermos desrespeitados e ameçados. Treinamos e nos preparamos para defender nossa integridade física, nossos entes queridos e nossa honra.
O caminho do guerreiro ou como a filosofia grega chamava de "ethos", é composto de constantes desafios e provações, sendo o "ethos", por definição, um conjunto de crenças que norteiam a postura de um grupo de indivíduos. Em palavreado mais simples, são os valores que um indivíoduo adota para si, podendo ser compartilhado por um grupo de pessoas, no qual acreditam ser necessários para definir como eles se posicionam perante desafios físicos ou metafísicos.
A certeza de que estamos sempre em combate é um dos principais requisitos do guerreiro. Esta consicência move nossas ações e graças a ela, sempre estaremos em constante evoluçõ e preparados para as pancadas que levaremos em nossa vida, afinal, como bons guerreiros - aqueles que fazem a guerra - nós sabemos que apanhar faz parte.
O que difere um indivíduo que segue este caminho como postura de vida, daquel que simplesmente obedece o status quo ou cegamente é controlado por ordens de cunho profissional que muitas vezes conflitam com sua vida pessoa, e pelo condicionamento que recebeu acaba rejeitando seus próprios valores em nome da submissão da ordem, cujo indivíduo é denominado "soldado", que é diferente do guerreiro, é a consciência do poder e limitações de sua própria vontade.
A diferença na aceitação daquilo que se luta - por valor ou por cumprimento de ordens - se dá pela coragem de enfrentar a fonte do problema, do desafio que se apresenta diante de si, e por isso, esta é primeira virtude que aquele que trilha o caminho do guerreiro precisa ter.
Lealdade é outra virtude essencial para um guerreiro. Talvez ela seja o concreto usado na construção de todas as outras devido sua essência inspiradora, relembrando a crença e valor que está diante da tentação, fazendo o guerreiro se firmar nos seus compromissos morais, íntimos ou negociados com seus semelhantes e parceiros. Muito se confunde lealdade com submissão, ou obediência. Lealdade não é escravidão ou aprisionamento.
Partindo da própria definição de fidelidade que é a concretização dos compromissos que foram voluntariamente assumidos, ser leal não significa aceitar tudo, mas sim, se manter firme no que já foi aceito antes. Lealdade difere da fidelidade neste ponto e um guerreiro precisa aprender isso, do contrário, ele sempre será apenas um bom soldadinho.
Se algo muda em determinado ponto, não está mais de acordo com o quefoi decidido antes, portanto, o guerreiro entende que deste ponto em diante, ele não precisa mais ser leal. É preciso integridade e auto-consciência para identificar os limites do uso dessa virtude, preservando-a no seu estado puro e não a corrompendo pela enganação que com certeza, cedo ou tarde, alguém tentará fazer contigo, ou seja, usar sua lealdade como desculpa para você aceitar mudanças que não foram acoradas anteriormente. Se acordou em fazer A, faça A. É preciso saber que muitos usarão o argumento de que você deve aceitar ou fazer B, aproveitando que já faz A que está do lado, não é mesmo? Não, não é.
Um guerreiro precisa conservar sua integridade, sua plenitude, do contrário, sempre estará a beira de colpasos nervosos e consequentemente despencará em abismos de má escolhas e problemas criados por si próprio. Equilíbrio emocional é essencial para lidar com situações ameaçadoras e estressantes, e sem isso, sua guarda sempre ficará baixa ou brechas abrirão para que seus inimigos te acertem.
A convicção é a conexão entre a motivação e disciplina. O primeiro começa e o segundo faz continuar. Ter a firmeza de suas crenças, não bambear em decisões e honrar seus valores é essencial para o combatente guerrear a boa guerra, do contrário, assim como sua integridade, sua falta de vontade nunca permitrá que caminhe em sua própria estrada, ficando sempre dependente de terceiros ditarem seu rumo e por onde anda. Sua força espiritual, aquela que o guiará para longe do abismo da dúvida e dos maus hábitos e posturas será diretamente proporcional a solidez de sua fé.
Combatitividade é o estilo de vida do guerreiro. Naturalmente todos somos combativos, nos diferindo apenas na escolha de como conduzir nossas lutas, ora pela força bruta, ora pela arte da argumentação (política). Mas uma coisa é certa: nós sempre combatemos. O guerreiro abraca isso e sabe muito bem que os meios são úteis em determinadas situações, e por ser um estrategista, o guerreiro adapta esses meios as situações, jamais descartando uma ou mais opções de se combater apesar de sempre termos naturalmente a preferência pela força bruta, que é uma opção prática. Esta virtude talvez seja a principal do guerreiro, seja ele legítimo ou não, moralmente evoluído ou libertário, e talvez seja o maior tabu entre as pessoas comuns que não entendem este caminho.
Falando em formas de combate, a submissão também é uma forma de lutar ao contrário do que se comum e popularmente acredita. Ser submisso é um estado onde o indivíduo se coloca voluntariamente para se auto-preservar, evitando assim qualquer tipo de perigo a sua integridade e isso por si só é o objetivo de toda defesa. Obviamente existem riscos de ficar a mercê da vontade alheia, mas isso conversaremos em outro momento. Um g uerreiro, claro, não escolhe esta opção ou se recusa ao máximo e a usa como último e extremo recurso, como uma escolha teatral pra ganhar tempo e ou acesso. Um guerreiro sabe dos riscos que este método de combate possui e tem a consciência de que eles não valem os benefícios na esmagadora maioria das vezes, que é no mundo dos não-guerreiros é o mais escolhido. Um guerreiro sabe que ser submisso é por regra uma escolha perigosa e ilusória.
Para gerir todos esses valores e tecer uma teia de raciocínio a respeito dos melhores atos, decisões, táticas e posturas, um guerreiro não pode apenas buscar a construção de um corpo forte e espírito convicto, ele também precisa desenvolver auto-consciência, habilidade para avaliar a si mesmo e o mundo a sua volta para iluminar as sombras que o cergam na correria do dia a dia e quando em perigo.
O caminho do guerreiro pode ser resumido em um estilo de vida no qual o indivíduo se comporta de forma serena, estratégica, com auto-conhecimento e preparado para destroçar - literalmente - qualquer desgraçado que atrapalhar ou ameaçar sua jornada e seus entes queridos. Diferente do soldado, que luta a mando de alguém, obedecendo ordens, sem identidade própria, sem valores, sem muitas vezes sequer entender contra quem luta ou o porquê. O guerreiro luta por algo, não contra algo, luta pelo o que está atrás dele, não pela hipótese do que pode um dia conseguir.
O soldado é fiel e odeia tudo o que lhe mandam odiar. Ele luta contra o que está na sua frente.
Um guerreiro é leal e odeia tudo aquilo que ameaça o que ama. Ele luta pelo que está atrás dele.
Portanto, ser soldado é profissão enquanto ser guerreiro é estilo de vida.
"Guerreiros são forjados pela vivência dos desafios que lhe fornecem derrotas e vitórias, e através dessas experiência surge a capacidade de sempre se manter firme na busca pela superação de cada conflito, tangível ou metafísico. Em qualquer que seja o resultado de sua luta, um guerreiro se move pela adaptação constante e consciência do enfrentamento das adversidades em seu caminho."
Lucas "tio Pahil" Parrini